top of page

As datas e acontecimentos publicados aqui fazem parte do banco de dados e de pesquisas de Venicius Maciel desde julho de 2009.

O uso desta informação é livre para aqueles que desejam divulgar em outras plataformas (jornais, rádios, sites...) desde que citem a fonte: Vinni & Jassana

Cobra é o nome popular na língua portuguesa utilizada como sinônimo para serpente. Este animal pertencente à subordem Serpentes ou Ophidia, também é chamado de ofídios, mbóis, mboias e malacatifas. São répteis sem patas, sem braços, de corpo longo e esguio. Se locomovem usando fortes músculos e são pertecentes à ordem Squamata (animais que possuem escamas).

 

Existem cerca de 3.500 espécies de serpentes em todo o planeta. As mais conhecidas são as najas, as víboras, as jiboias e as pítons. No Brasil, existem 381 espécies, porém na Amazônia existe a maior concentração destes répteis.

 

Cobra, expressão usada popularmente no Brasil vem do termo latino Columbra. Serpente vem do termo latino Serpente. Mbói e Mboia vem do termo tupi Mbói, 'cobra'.

 

A evolução desses seres rastejantes ainda é um assunto que não está definido, uma vez que há duas teorias para a origem das serpentes. Uma delas, seria que as cobras podem ter evoluído dos lagartos do tipo escavadores durante o período histórico conhecido como Cretáceo. A outra teoria com base na morfologia sugere que os ancestrais das cobras são relacionados com morossauros (répteis que viviam na água há milhões de anos, quando ainda haviam dinossauros na Terra). Baseado nesta hipótese, as pálpebras transparentes de cobras são uma evolução para viver na água e combater a perda de água por osmose da córnea, e os ouvidos externos foram perdidos por falta de uso em um ambiente aquático. Isso explica a origem da serpente do mar.

 

As primeiras serpentes teriam surgido nas florestas do antigo supercontinente conhecido como Laurásia (que envolvia a América do Norte, a Europa e norte da Ásia), há cerca de 128 milhões de anos.

O esqueleto da maioria das serpentes consiste apenas do crânio, maxilares, coluna vertebral e costelas.

 

A coluna vertebral possui aproximadamente entre 200 e 400 (ou mais) vértebras. Destas, em torno de 20% (às vezes menos) são da cauda e não possuem costelas. Já as vértebras do corpo possuem, cada uma, duas costelas articuladas a elas. As vértebras também possuem projeções às quais se fixam os fortes músculos que as serpentes usam para se locomover.

Esta página foi atualizada pela última vez em 20/09/2015

Atualizações anteriores em 19/09/2015, 18/09/2015 e 17/09/2015

Localizadas no dorso e laterais do animal, são geralmente dispostas em linhas. O número de linhas pode identificar uma espécie. Existem 3 tipos de escamas dorsais:

Localizadas na parte de baixo do corpo do animal, do queixo até a cloaca, são lisas e planas, para ajudar na locomoção. Mais largas que as outras escamas, geralmente formam uma só linha de escamas sobrepostas que se prendem às costelas por ligamentos e musculatura. A última fileira, denominada pré-anal, pode ser composta de apenas uma escama, ou de um par.

 

Enquanto os seres humanos utilizam principalmente a visão e a audição, esses sentidos são pouco desenvolvidos nas cobras. Elas dependem mais de outros estímulos, em particular dos odores e, em alguns casos do calor. Porém não impede a detecção do movimento. Como a maioria dos animais do planeta, as cobras têm cinco sentidos normais: visão, tato, olfato, audição e paladar.

 

A serpente não tem aberturas de ouvidos, trompas de Eustáquio e não podem captar ondas sonoras pelo ar. No entanto, seu ouvido interno reage a qualquer vibração no chão, detectada pela mandíbula inferior e transmitida pelos ossos. A maioria das serpentes usa a sua língua bifurcada para captar partículas de odor no ar e enviá-las ao chamado órgão de Jacobson, situado na sua boca, para examiná-las. A bifurcação na língua dá à serpente algum sentido direcional do cheiro.

 

Os olhos das cobras em geral são ineficientes. São incapazes de focalizar, e a maioria não tem pálpebras móveis, resultando num olhar estático. Algumas serpentes fossoriais, como as "cobras-cegas", possuem olhos vestigiais, não funcionais. As que enxergam melhor são as arborícolas que caçam de dia. Mesmo as serpentes que têm olhos evidentes enxergam mal. Para além dos seus olhos, algumas serpentes (crotalíneos - ou cobras-covinhas - e pítons) têm receptores infravermelhos sensíveis em sulcos profundos chamados de fossetas que lhes permite sentir o calor emitido pelos corpos. Isto é extremamente útil em lugares com pouca luminosidade. As cobras ativas diurnas têm pupilas redondas, enquanto as noturnas, como as pítons, têm pupilas com aberturas verticais. Para proteger os olhos, as cobras têm uma película que é substituída sempre que elas mudam de pele.

 

O olfato da serpente é o sentido mais importante. As presas, os predadores e os membros do sexo oposto são identificados pelo aroma que emitem. As partículas de odor do ar são captadas e "saboreadas" pela sua língua bífida (que se divide em duas pontas), e essa informação é transferida para o cérebro por meio de células especiais do palato. Suas narinas não têm função olfativa, mas auxiliam na respiração.

 

A língua das cobras é a parte mais interessante de sua anatomia. Apesar de assustar bastante pelo seu formato e pela atitude peculiar de sibilar (movimento que consiste em balançar a língua no ar), as línguas das cobras são inofensivas. Na verdade, o veneno secretado por certas cobras está alojado nas glândulas de veneno, localizadas nas presas (espécie de dentes, grandes e afiados). Além disso, a língua das cobras também consegue receber estímulos táteis. Assim, como a língua bifurcada projetada para fora, as cobras conseguem "tatear", sentir e cheirar o ambiente à sua volta.

As cobras também utilizam a língua para “farejar” um parceiro em potencial. Serpentes do sexo masculino usavam a língua quando estavam seguindo trilhas de feromônios deixados por fêmeas. Cobras do sexo masculino do tipo Copperheads têm línguas mais profundamente bifurcadas do que as fêmeas, o que, presumivelmente, aumenta a sua capacidade de encontrar companheiras.

Na locomoção, é o atrito delas contra as rugosidades do chão que ajudam os bichos a ondular seu corpo e ir para a frente. Conseguem gerar uma espécie de fricção desigual com o substrato por onde elas passam, e é isso que lhes permite seguir adiante, ondulando seu corpo de um lado para o outro. Eles conseguem usar seus músculos especializados para controlar cada escama de forma individual.

Quase todas as serpentes aquáticas possuem escamas ventrais estreitas, algumas vezes visíveis apenas como um risco ao longo do abdomen. Isto ocorre porque essas serpentes quase nunca colocam seu corpo em contato com superfícies ásperas e irregulares.

Você está a um clique de conhecer algumas espécies de serpentes que habitam a maior floresta do planeta - Amazônia. Suas curiosidades estão destacadas em pequenos tópicos. Imagens de cada animal.

As serpentes que habitam

a selva amazônica

|| Clique no mosaico para ver as imagens ||

Fotos: Reprodução da Internet

Esqueleto da cobra Cascavel (Crotalus durissus terrificus)

O corpo de uma serpente é frio, este réptil não controla a temperatura de seu corpo. Sua pele pode ser lisa ou áspera, opaca ou brilhante, conforme o tipo de escama que recobre o seu corpo. As escamas são conectadas por uma pele extremamente elástica, denominada pele de ligação. Essa pele permite que a serpente distenda o diâmetro de seu corpo em até seis vezes, ao se alimentar.

 

As escamas são queratinizadas (queratina é uma substância presente também em peixes, penas de aves e pêlos de mamíferos), e podem ter aspecto brilhante ou opaco.

 

As serpentes possuem diferentes tipos de escamas em diferentes partes do corpo. Forma, disposição e número de escamas, e também presença ou ausência de determinadas escamas, são características de cada espécie. Cada tipo serve a um fim específico, e varia de acordo com os hábitos e estilo de vida do animal.

 

As escamas das serpentes não se desfragmentam, como as dos peixes. Elas são rígidas, finas e transparentes. Formam uma rede denominada stratum corneum, que recobre inclusive os olhos da serpentes, e é trocada periodicamente. Este processo de troca de pele é conhecido como ecdise ou muda. Pensa-se que a finalidade primordial desta é remover os parasitas externos.

 

A função da escama é proteger a pele da serpente, diminuir o desgaste causado pelo atrito do seu corpo com o substrato, defendê-la do ataque de parasitas e insetos, e dispersar a luz e reduzir a quantidade de radiação que penetra no corpo da serpente, evitando que ela se desidrate com a perda de água pela pele.

 

A tolerância térmica vai de 0 grau a 47 graus, mas a temperatura ideal é de 25 graus, muito abaixo ou acima desse limite o metabolismo fica comprometido. As serpentes, como os demais répteis são pecilotérmicos, ou seja, sua temperatura varia de acordo com a do ambiente.

Escamas dorsais

Lisa - em forma de losângo, é plana. Cria uma superfície lisa e brilhante.

Quilhada - alongada, imbricada, com uma ou duas quilhas no sentido do comprimento e terminando em ponta, cria uma superfície áspera e opaca.

Granular - pequena, de formato cônico e textura áspera, cria uma superfície granular. (ocorre em poucas espécies de serpentes, algumas aquáticas.)

Escamas ventrais

Localizadas na parte inferior da cauda da serpente, após a cloaca (fenda transversal), estas escamas são similares às ventrais. Podem ser largas, formando uma única fileira, ou em pares.

Escamas caudais

Nome Popular: Cobra

Nome Oficial: Serpente

Área Geográfica: Todos os continentes

Território: Terra, árvore e água

Número de Espécies: 3.500 (mundo)

Número de Espécies: 381 (Brasil)

Escamas na cabeça

Na maioria das espécies são grandes, em forma de lâmina, e são denominadas placas. Algumas espécies (famílias Boidae e Viperidae) apresentam grande número de escamas pequenas e uniformes cobrindo o topo da cabeça. Elas provavelmente evoluíram de grandes escamas que se fragmentaram com o tempo.

Escamação da cabeça de uma serpente colubridae (vista dorsal, gular e lateral)

Padrão e peles coloridas

A cor e o padrão da pele da serpente são determinados pelos pigmentos de suas escamas, e estão relacionados ao ambiente em que ela vive. Podem ter a função de controlar a temperatura corporal, ou de proteger a serpente contra predadores visualmente orientados, de duas maneiras:

 

Indivíduos com manchas podem ficar camuflados se permanecerem estáticos, enquanto indivíduos lisos ou listados costumam fugir quando se sentem ameaçados.

 

Tonalidades de alguns répteis

 

Cobra-rato-preto (Pantherophis obsoletus), quando jovem tem uma tonalidade de manchas marrons em um fundo cinza. Na medida que vão crescendo, sua pele começa a escurecer, ficando na cor preta. A cobra coral-verdadeira (Micrurus corallinus) e a cobra coral-falsa (Erythrolamprus aesculapii), ambas apresentam tonalidades em forma de anéis nas cores preto, vermelho e amarelo na pele. Outra serpente, jararaca-do-rabo-branco (Bothrops leucurus), suas cores têm um papel importante. O marrom com manchas escuras semelhantes ao ambiente confundem a serpente com o entorno, dificultando sua localização pelos predadores. O verde, é uma tonalidade essencial para o réptil cobra-verde-da-videira (Ahaetulla nasuta), que fica camuflada entre as folhagens das árvores. Assim como o seu corpo, a língua também é verde.

 

Existem inúmeras espécies com as mais variadas pigmentações. Incluindo as mais exóticas, como a cobra-arco-íris (Epicrates cenchria), que possue um tom marrom alaranjado com manchas pretas. Porém, sob certo ângulo suas escamas tem a capacidade de refletir diversos tons de cores como num arco-íris.

As serpentes crescem o tempo todo, ao longo de suas vidas. Como a camada externa das escamas é rígida, devido à queratina, elas precisam trocar de pele periodicamente para poderem crescer. Serpentes jovens podem trocar de pele até 10 vezes por ano, pois crescem rapidamente até os dois anos de idade. Esse processo está relacionado às glândulas endócrinas, e quanto maior a idade da serpente menor a frequência de trocas. Serpentes adultas, que crescem menos, trocam de pele de 1 a 4 vezes por ano. A freqüência da muda depende do estado fisiológico, da alimentação, da saúde e da idade da serpente.

Quando a saúde da cobra está boa e as condições físicas do ambiente são ideais, a pele velha sai por inteiro. A pele do animal começa a se soltar na ponta do focinho. A serpente vai roçando o corpo contra uma superfície áspera, e a pele velha vai saindo pelo avesso (como se tira uma luva). Quando sai aos pedaços, é sinal de que alguma coisa não está bem: ou a cobra está com algum problema de saúde ou o ambiente está muito seco. Se a muda não acontece por completo pode causar problemas no crescimento de novos tecidos ou levar ao “apodrecimento” de algumas regiões do corpo, agravando a saúde do animal.

 

O processo de troca de pele de cobra

Quando a cobra está pronta para mudar a pele, a mesma vai começar a escurecer e os olhos ficam de cor azul opaco. Esta fase é chamada de fase azul. A cobra vai ficar quase completamente cega neste ponto. As serpentes diminuem ou suspendem a alimentação neste período, voltando a alimentar-se somente depois que a muda se completa. A fase azul dura cerca de dois a três dias e, em seguida, a pele irá retornar à cor quase normal.

Os órgãos internos das serpentes estão dispostos de modo a se adequarem ao formato cilíndrico e alongado de seus corpos. Durante sua evolução, as serpentes tiveram a disposição dos órgãos reorganizada e melhor adaptada a este formato. Com o reduzido espaço, os órgãos pares sofreram um deslocamento evolutivo: os órgãos do lado esquerdo ficaram menores e localizados posteriormente aos do lado direito.

 

Apesar disto, os processos de deglutição, digestão e respiração são dificultados pela falta de espaço, e podem levar o animal à morte por compressão de órgãos e artérias. A evolução natural alterou também os sistemas de alimentação e reprodução da serpente, buscando adaptá-la para alcançar menor consumo energético, uma vez que sua temperatura corporal depende da temperatura do meio ambiente.

Glote, extremidade da traqueia que permite a entrada de ar para os pulmões, também sofreu um deslocamento evolutivo nas serpentes. Localizada na porção anterior da cavidade bucal, na base da língua, e portanto mais à frente quando comparada à glote dos mamíferos, facilita a respiração da serpente enquanto ela se alimenta. A língua das cobras juntamente com a glote são estruturas muito importantes para evitar que ocorra o engasgo, pois as duas se unem, se dilatam bastante durante a ingestão das presas fechando a laringe e evitando, assim, que alguma porção do alimento siga para as traqueias causando o engasgo.

Pulmões são bem desenvolvidos, os brônquios ramificados, a grande maioria desses animais, cerca de 90%, apresenta somente um pulmão. Para processar  o oxigênio, todas as cobras têm um pulmão direito alongado; o pulmão esquerdo é muito pequeno ou mesmo ausente e algumas têm um terceiro pulmão ao longo da traqueia. As cobras não podem respirar em baixo da água (pelo menos não todas) animais não aquáticos elas precisão subir até a superfície para poder respirar, e só então voltar a mergulhar. Quando sua boca está cheia (de alimento), ela precisa estender sua traqueia (tubo respiratório) e continuar respirando. As cobras não têm um diafragma como as pessoas, portanto fazem o ar entrar e sair dos pulmões estreitando a caixa torácica, para empurrar o ar para fora, e depois alargando-a, para criar um vácuo que suga o ar para dentro. Após cada ciclo respiratório elas experimentam uma apnéia, parada respiratória que dura de poucos segundos até alguns minutos.

Coração das serpentes tem três câmaras, com dois átrios e somente um ventrículo, parcialmente dividido, o que provoca a mistura do sangue arterial e oxigênio com sangue venoso e gás carbônico. Essa mistura empobrece a taxa de oxigênio livre no sangue, contribuindo para a baixa atividade física das serpentes. O coração destes répteis rastejantes não acumula gordura ao realizar uma refeição. Após ela alimentar-se, por um período de dias, seu coração fica 40% maior quanto ao tamanho.

Estômago das serpentes por terem formato fino, alongado, é curto, não é enrolado, e sua posição é tal que ele não comprime outros órgãos quando está cheio de alimento e gases (devido à digestão). A digestão pode durar mais de 15 dias. É mais prático, e mais econômico em termos de gasto de energia, comer grandes quantidades em um só dia do que sair para caçar todos os dias e comer pouco. O suco gástrico da serpente é muito forte. Ela elimina pelas fezes somente fragmentos de ossos, dentes, e peças queratinizadas, como pêlos, penas, unhas, garras e cascos.

Não possuem bexiga. Expelem a urina, branca e cristalina, junto com as fezes, pela cloaca. A urina é pastosa, para que a serpente se mantenha hidratada, e tem grande concentração de ácido úrico.

Hemipênis (um par de testículos) do macho, que não são visíveis externamente, pois normalmente ficam guardados dentro da cauda, invertidos. Durante o acasalamento somente um desses órgão é inflado. Inicialmente acreditava-se que ambas estruturas seriam introduzidas simultaneamente na cloaca das fêmeas, daí a denominação hemipênis (hemi que no grego significa meio, metade). Contudo, sabe-se atualmente que apenas um hemipênis é evertido e usado durante a cópula. A estrutura do hemipênis é oca.

Os hemipênis correspondem a dobras de tecido, como os dedos de uma luva, que são evertidas através de aberturas por pressão vascular, após o uso eles são recolhidos pela ação de músculos.

Essa estrutura é ornamentada por espinhos ou por ranhuras horizontais e protuberâncias, sendo a base dela mais lisa. Esses espinhos ou protuberâncias têm a função de manter a fêmea ligada ao macho durante a cópula.
O formato do hemipênis é específico de cada espécie. Por isso ele é importante na identificação das espécies, e a cópula só pode acontecer entre macho e fêmea da mesma espécie.

Ovários das fêmeas geralmente são dois, sendo o direito mais anterior. Algumas espécies não possuem o ovário esquerdo. No período anterior à reprodução o ovário apresenta um aglomerado de óvulos esféricos amarelo-esbranquiçados de diferentes tamanhos, indicando diferentes estágios de maturação.

Os diferentes tipos de dentição em serpentes possibilitam a diferenciação das espécies peçonhentas das não-peçonhentas. Todas as serpentes peçonhentas possuem uma glândula produtora de veneno que se localiza no maxilar superior. Apesar de algumas serpentes não possuírem dentes inoculadores de veneno, a maioria consegue injetar sua peçonha através de uma dentição especializada, que pode ser classificada como áglifas, opistóglifas, proteróglifas e solenóglifas. São chamadas de cobras não-peçonhentas as cobras que não possuem os chamados dentes inoculadores de veneno, ou seja, ainda que possuam o veneno, não têm a presa necessária para injetar esse veneno em suas vítimas.

Crânio de serpente com dentição áglifa (Python molurus)

Crânio de serpente com dentição opistóglifa (Heterodon nasicus)

Crânio de serpente com dentição proteróglifa (Ophiophagus hannah)

Crânio de serpente com dentição solenóglifa (Crotalus sp.)

Áglifa

Opistóglifa

Proteróglifa

Solenóglifa

As serpentes que estão no grupo das áglifas caracterizam-se pela ausência de dentes com a capa-cidade de inocular o veneno. Como exemplo podemos citar a jiboia (Boa constrictor), que ma-ta sua presa por constrição, ou seja, evitando que a vítima res-pire e causando sua morte por asfixia. Além da jiboia, a sucuri e a caninana são exemplos de serpentes com dentição áglifa.

As serpentes com denti-ção proteróglifa caracterizam-se por possuírem dentes capa-zes de inocular o veneno na região anterior da boca. Esses dentes apresentam um sulco por onde o veneno escorre. A coral verdadeira (serpentes do gênero Micrurus) apresenta esse tipo de dentição.

A dentição opistóglifa é carac-terizada pela presença de den-tes capazes de inocular o vene-no, porém encontrados na re-gião posterior da boca das ser-pentes. Assim como na dentição proteróglifa, os dentes apresen-tam um sulco por onde o ve-neno escorre. Em virtude de es-ses dentes serem encontrados na região posterior da boca, dificilmente as serpentes com esse tipo de dentição conse-guem injetar o veneno durante uma mordida. Entretanto, eles são capazes de aplicar o veneno nas vítimas que estão no inte-rior da sua boca. Entre as espé-cies que fazem parte desse gru-po, podemos citar as cobras-ci-pó e algumas falsas-corais.

A dentição solenóglifa, que se caracteriza pela presença de dentes inoculadores na região anterior da boca, assim como as proteróglifas. Entretanto, di-ferenciam-se delas por possu-írem um canal no interior do dente por onde passa o veneno. Esse tipo de dentição é o mais especializado de todos os tipos descritos e, por isso, nesse grupo estão inclusas as cobras que mais causam acidentes ofí-dicos. Um exemplo de represen-tante desse grupo é a cascavel (espécies do gênero Crotalus), que possui um veneno poderoso que, em casos mais graves, po-de levar a uma parada respira-tória. Os dentes inoculadores são projetados para fora duran-te o ataque, permitindo ao ani-mal inocular uma quantidade de peçonha maior do que uma serpente da família das prote-róglifas. Isso agrava ainda mais a consequência da mordida.

O veneno pode possuir duas ou mais ações diferentes. A toxina da cascavel, por exemplo, apresenta ações miotóxicas (relacionadas aos músculos) e neurotóxicas (relativas aos nervos). A peçonha está presente em um quarto das serpentes. Estas serpentes letais são geralmente agressivas e sua peçonha pode matar um adulto saudável, se este não for devidamente tratado no período de algumas horas. O veneno é uma substância de estrutura complexa formada por água, enzimas, proteínas, carboidratos e outros compostos inorgânicos, como o zinco. Geralmente o veneno fica em uma glândula acima da cabeça. Ele pode ser classificado em três categorias principais básicas: citotóxico, hemotóxico (ambos presentes na jararaca) e neurotóxico (presente na coral-verdadeira e na cascavel). O tipo de veneno e sua ação têm a ver com os hábitos de vida de cada espécie. A seguir, as três categorias básicas que um veneno pode apresentar.

 

As citotoxinas (toxinas que agem sobre as células) constituem a forma mais primitiva de veneno encontrada nas serpentes nos dias de hoje. Mas um método antigo de ação não significa necessariamente ineficácia. A atividade citotóxica ocorre geralmente no local da ferida e tem como característica iniciar a digestão dos tecidos antes mesmo de a presa ser engolida. Esse tipo de veneno destrói as membranas das células, especialmente as musculares, resultando na morte rápida dos tecidos.

 

As hemotoxinas agem de duas formas diferentes. Na primeira, atacam as células vermelhas do sangue e acabam destruindo também as veias. Assim, a vítima morre de hemorragias internas e externas. Um veneno que possui essas propriedades é o da jararaca. Outro tipo de ação das hemotoxinas é precipitar a coagulação do sangue, de modo que o líquido não consiga passar pelas veias e artérias, ocasionando a parada do fluxo sangüíneo. Uma serpente cuja toxina causa esse tipo de efeito é a víbora-do-gabão, da África.

 

As neurotoxinas, por sua vez, afetam o sistema nervoso tanto bloqueando os impulsos nervosos - paralisando a presa, que sofre parada respiratória - quanto aumentando-os, de modo a levá-los ao colapso. Este último efeito pode causar ataques epilépticos quando todos os músculos se contraem ao mesmo tempo, seguidos de morte. As toxinas que agem no sistema nervoso têm efeito muito rápido. Esse tipo de veneno é encontrado nas cascavéis e nas corais.

As condições particulares do organismo das cobras não lhes permitem caçar todos os dias. Elas são animais pecilotermos (que, tal como peixes, anfíbios e répteis, possuem temperatura variável, não muito distinta da temperatura ambiente). Fazem a digestão muito lentamente. Além disso, uma serpente leva, em média, duas semanas para produzir uma nova quantidade de veneno.

 

Cada espécie de cobra desenvolveu sua técnica particular de caça. Algumas dão o bote, injetam o veneno na presa e a deixam "fugir". A atividade física faz com que o veneno circule ainda mais rapidamente na corrente sanguínea do animal, abreviando seu tempo de vida. Em seguida, a cobra rastreia a vítima - que muitas vezes urina no caminho devido à ação do veneno - utilizando seu sentido mais poderoso: o olfato.

 

Outras espécies, como a cobra-rei, possuem uma toxina capaz de matar um elefante em pouco tempo. Mas a principal refeição dessa serpente está longe de ter dimensões tão grandes. Ela se alimenta de outras cobras e, por isso, precisa de um veneno mais "tóxico", já que serpentes, por sua natureza, são praticamente imunes a venenos.

Algumas cobras desenvolveram uma maneira especial de fazer com que a vítima tenha contato com o veneno. As najas, por exemplo, são capazes de injetá-lo e também lançá-lo. O jato de veneno de uma naja pode alcançar três metros de distância.

As serpentes são carnívoras, sendo predadoras de aves, mamíferos, anfíbios, outros répteis e ovos (seus ou de outros animais). Estas presas são engolidas inteiras sendo mortas pelo veneno que algumas espécies injetam  ou por estragulamento. No estragulamento a cobra envolve sua presa fazendo pressão até que o animal morra asfixiado.

 

É verdadeiro o fato das cobras  alimentarem-se  de  animais maiores do que elas. Isto ocorre porque possuem uma mandíbula flexível, cujas duas partes não estão rigidamente ligadas assim como numerosas outras articulações do seu crânio permitindo-lhes abrir a boca de forma a engolir toda a sua presa, mesmo que ela tenha um diâmetro maior que a própria cobra. As cobras não mastigam.

 

As cobras ficam entorpecidas, depois de comerem, enquanto decorre o processo da digestão. Após uma boa alimentação as cobras podem sobreviver por muito tempo, um ano ou até mais, sem alimento.

 

A menor de todas as cobras, a cobra Thread, come ovos, outras formas e também  formigas e centopéias. As maiores cobras, da espécime píton ou cascavel chegam a comer veados e porcos inteiros. A maioria das cobras se alimenta de insetos, roedores, aves, ovos, peixes, rãs, lagartos e pequenos mamíferos.

As cobras têm poderosos músculos ao longo de toda a metade da frente de seu corpo. Elas usam esses músculos para mover, bem como para engolir. Os músculos movem a comida ao longo da garganta até o estômago. Todo esse movimento pode durar de 10 minutos a uma hora, dependendo do tamanho do animal estão a comer.

O processo digestivo começa na boca da serpente, onde glândulas orais secretam o suco digestivo enquanto a serpente se alimenta. A digestão é uma atividade intensa e, especialmente depois do consumo de grandes presas, a energia metabólica envolvida é tal que na Crotalus durissus, a cascavel-mexicana, a sua temperatura corporal pode atingir 6 graus acima da temperatura ambiente. Por causa disto, se a cobra for perturbada, depois de recentemente alimentada, irá provavelmente vomitar a presa para tentar fugir da ameaça. Cobras que comem costelas afiadas de animais e cascas de ovos se esforçam mais para ajudar na velocidade ao longo da digestão com sucos gástricos. Os alimentos podem durar no estômago alguns dias ou dois meses, mantendo o animal nutrido.

As serpentes usam um vasto número de modos de reprodução. Todas usam fertilização interna, conseguida por meio de hemipénis bifurcados, que são armazenados invertidamente na cauda do macho. A maior parte das serpentes põe ovos e a maior parte destas abandona-os pouco depois de os pôr; no entanto, alguns autores entendem que essas espécies são ovovivíparas e retém os ovos dentro dos seus corpos até estes se encontrarem prestes a eclodir.

 

Quando uma cobra fêmea está pronta para acasalar, ela começa a liberar um perfume especial (feromônios, os mesmos que as demais espécimes de animais também emanam) de glândulas da pele nas costas. A cobra macho começa a cortejar a fêmea, batendo o queixo na parte de trás de sua cabeça e rastejando sobre ela.

Quando ela está disposta, ela levanta o rabo. Nesse ponto, ele enrola sua cauda em torno dela para o fundo de suas caudas se encontrarem na cloaca, o ponto de saída para os resíduos e fluído reprodutivo. O macho insere seus dois órgãos sexuais, os hemipênis que então se estendem e liberam o esperma. O sexo da cobra geralmente leva menos de uma hora, mas pode durar até um dia inteiro.

 

Cobras fêmeas se reproduzem uma vez ou duas vezes por ano, mas a saída das novas cobras varia entre as espécies. Algumas cobras dão à luz filhotes vivos (em torno de 150 cobras de cada vez), enquanto outras põem ovos (de um para 100 de cada vez).

 

Em 2012, cientistas encontraram fêmeas grávidas de víboras norte-americanas e analisaram geneticamente os filhotes, o que comprovou que elas são capazes de se reproduzirem sem o macho. O fenômeno se chama partenogênese facultativa e só foi registrado antes em espécies criadas em cativeiro. Um parto virgem, ou partenogênese, acontece quando um óvulo cresce e se desenvolve sem ter sido fecundado pelo espermatozóide. O fenômeno produz um filhote que tem somente o material genético da mãe. Ainda não está claro se as víboras fêmeas escolheram ativamente se reproduzir desta forma ou se a partenogênese foi estimulada por outro fator, como um vírus ou uma infecção bacteriana.

As serpentes devem ao seu complexo sistema de músculos, a sua eficiente locomoção. Todas as serpentes têm a capacidade de ondulação lateral, em que o corpo é ondulado de lado e as áreas flexionadas propagam-se posteriormente, dando a forma de uma onda de seno propagando-se posteriormente. Escamas ventrais retangulares especializadas cobrem a parte de baixo da cobra, correspondendo diretamente ao número de costelas. As margens de baixo das escamas ventrais funcionam como a superfície de um pneu, aderindo ao solo e fazendo a propulsão da cobra para frente. As cobras têm quatro métodos de movimen-to: serpentino, ondulação lateral, retilíneo e sanfonado.

Serpentino - esse movimento em forma de S, também conhecido como locomoção ondulatória, é usado pela maioria das cobras terrestres e aquáticas. Começando no pescoço, a cobra contrai seus músculos, impulsionando seu corpo de um lado para o outro, criando uma série de curvas. Na água esse movimento facilmente faz a propulsão da cobra para frente porque em cada contração ela empurra para trás parte do corpo d'água. Na terra, a cobra geralmente encontra pontos de resistência na superfície, como pedras, ramos ou saliências, usando suas escamas para empurrar todos os pontos de uma só vez, impulsionando-se para a frente.

 

Ondulação lateral - em ambientes com poucos pontos de resistência, as cobras podem usar uma variação do movimento de serpentina para se locomover. Contraindo seus músculos e arremessando o corpo, elas criam uma forma de S que tem apenas dois pontos de contato com o solo; quando se impulsionam, movem-se lateralmente. Uma boa parte do corpo fica fora do solo enquanto ela se move.

 

Retilíneo - um método muito mais lento para movimentar-se é o estilo lagarta ou locomoção retilínea. Essa técnica também contrai o corpo em curvas mas essas ondas são bem menores e se curvam para cima e para baixo, ao invés de para os lados. Quando uma cobra usa o movimento de lagarta, os topos de cada curva levantam acima do solo enquanto as escamas ventrais da base empurram o chão, criando um efeito encrespado similar a uma lagarta se movendo. Este método é usado normalmente por cobras muito grandes e pesadas, como pítons e víboras.

 

Sanfonada - a cobra estende a cabeça e a frente do corpo ao longo da superfície vertical e então encontra um lugar para agarrar com suas escamas ventrais. Para conseguir se firmar bem, ela amontoa o meio do seu corpo em curvas apertadas que agarram a superfície ao mesmo tempo que traciona a parte de trás para cima; ela então salta para frente para encontrar um novo local para agarrar com suas escamas.

 

A velocidade máxima conseguida pela maioria das cobras é de 13 km/h, mais lento que um ser humano adulto a correr, excepto a mamba-negra (Dendroaspis polylepis), que pode atingir até 20 km/h.

Há cinco espécies diferentes de cobras "voadoras". Essas cobras venenosas, que habitam as árvores, são encontradas no Sri Lanka e sudeste da Ásia. Todas do gênero Chrysopelea. A menor delas (Chrysopelea ornata) mede 60 centímetros e a maior (Chrysopelea pelias), 1,20 metro.

 

Elas se penduram em um galho alto e balançam no ar. Então fazem seu corpo se achatar alargando suas muitas costelas e usam movimentos laterais em forma de S para se manter no ar. Essas cobras não podem voar para cima, mas conseguem planar por uma boa distância.

 

Essas espécies de cobras são capazes de percorrer no ar distâncias de mais de 100 metros, fazendo curvas de 90 graus durante a trajetória.

A cobra mais pesada que existe é também uma das melhores nadadoras. A sucuri, que pode pesar até 250 kg e medir mais de 30 cm de diâmetro, geralmente vive perto de rios tranqüilos e pântanos nas florestas da América do Sul. Passa a maior parte do tempo na água, onde pode mover-se muito mais rápido do que na terra, usando seus músculos potentes para fazer a propulsão através da água com locomoção ondulatória.

 

Olhos e narinas da sucuri se localizam em cima da cabeça para que possam ver a presa e respirar, ao mesmo tempo mantendo o resto do corpo escondido embaixo da água. Quando fica completamente submersa, a sucuri pode prender a respiração por até 10 minutos. Essas cobras também copulam e dão à luz dentro da água. Para se alimentar, a sucuri, que não é venenosa, usa constrição para sufocar e geralmente afogar sua presa.

bottom of page